Tuesday 25 March 2014

Textos Curtos para Ítaca XXXII

Um futuro-presente projeto literário. “Textos curtos para Ítaca” é a primeira materialização de uma das várias e extensas ideias em literatura, essencialmente em prosa, mas com flertes em verso, colecionadas ao longo da jornada até Ítaca. Em fato, os projetos para contos e novelas e outras literaturas de longo fôlego, ainda estão em fase sketch, talvez nem maquete, e irão tomando forma ao ritmo das circunstâncias que, sim, podem tardar como já tardam, mas ainda virão. Enquanto isso, num dia e momento aleatório, curiosamente com menos atraso, vão tendo agenda as mini-experiências em poesia e verso, do qual, lenta e despretensiosamente, faço um laboratório neste blog (único espaço onde o critério editorial é totalmente meu... ). Algum dia também ganharão forma impressa, sempre ao ritmo das possibilidades e, no dizer de Konstantinos Kavafis, do rogar por uma rota longa. Mas em textos curtos.



UM BANHO


E agora eu vou me lavar de ti

Á meia-luz, que é pra evitar o desgosto de notar o que é que escorre pelo ralo

Esfoliando, que é pra lembrar de não lembrar das minhas supostas preferências.

A ferida finalmente vai fechando! (não, sua atrevida! Não falo de ti com tamanho cliché. Me refiro ao corte de fato), que coincide como um sinal.

Claro, sinal. Todo cristão aprecia um sinal

No ombro direito, bem atrás da nuca, na parte superior das costas à esquerda, estavam todos ali.

E eu não os vi.

Tu tampouco vistes, mesmo com a olho de peixe, a mirada proba, nem ouvistes, mesmo que escutara, a cantilena franca.

Decerto vens de Vetusta. De errado fostes, de Rodrigues, que é o Nelson, a Dorotéia

Do soturno luto, teu vermelho, dileta herege

Deixo a malandragem, o espasmo, a fada, o suor, e até o gato.

Eu me seco.

Te lambuze com teus óleos, teus diálogos e teus direitos.

Arguidos, reprocháveis, demagogos.

Tudo depende do que deixaremos de fazer bom proveito.

 

 

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